Os manuscritos hebraicos da Bíblia I

 Os principais manuscritos que são a base de todas as versões bíblicas são os do Texto Massorético

 Não existe um manuscrito bíblico único do qual se possa traduzir o texto das Escrituras. Deus, em sua soberania, não quis nos deixar os manuscritos originais nem do Antigo (Bíblia Hebraica), nem do Novo Testamento.

O que temos à disposição são milhares de manuscritos posteriores, cópias feitas por escribas no decorrer dos séculos. Apesar disso, estamos absolutamente seguros de que a Bíblia é o documento antigo mais bem preservado da história. Não há dúvida alguma de que possuímos manuscritos extremamente próximos aos originais.

Um grande número de pequenas diferenças entre os diversos manuscritos exige uma avaliação cuidadosa dos estudiosos para que seja possível alcançar um texto mais próximo do original.

No caso da Bíblia Hebraica, o texto foi escrito quase inteiramente em língua hebraica. Dos 929 capítulos do chamado Antigo Testamento, apenas uma parte de Daniel (2:4-7:28), dois trechos de Esdras (4:8-6:18 e 7:12-26) e um versículo de Jeremias (10:11) foram escritos em aramaico.

Os principais manuscritos que são a base de todas as versões bíblicas são os do Texto Massorético. Esse é o texto consonantal padrão, que conservado, pontuado e anotado pelos estudiosos judeus na época medieval.

Entre os mais importantes manuscritos massoréticos merecem destaque o Códice de São Petersburgo e o Códice de Alepo, elaborados por volta do século 10 d.C. Além do Texto Massorético, outras referências importantes do Antigo Testamento são o Pentateuco Samaritano, a Septuaginta (famosa versão grega do texto), a Versão Siríaca, os Targuns aramaicos. Esses outros textos são valiosos e são frequentemente comparados com o Massorético para que os estudiosos cheguem a uma opção textual mais próxima possível do texto original.

Mais recentemente, o achado dos famosos Manuscritos do Mar Morto (1947-1956) ganhou destaque sem igual por terem revelado cerca de 900 manuscritos bíblicos com textos cerca de mil anos mais antigos do que o do Texto Massorético. Essa descoberta única, sem paralelo na história, acabou por comprovar a preservação impressionante de um texto tão antigo, o texto da Bíblia Hebraica.

Todas as cópias que temos dos manuscritos bíblicos são classificadas em famílias. As mais importantes dessas famílias são as abaixo indicadas, com as datas aproximadas de composição:

Texto Massorético (séculos 3 a.e.c a 11 d.e.c.)
Produzido por escribas de Tiberíades, no norte de Israel. É o texto mais importante da Bíblia Hebraica, e tido como o texto canônico aceito pelo Judaísmo clássico. É assim chamado porque contém um registro da massorá (tradição) de como o texto seria lido. É importante porque originalmente o hebraico não era escrito com vogais ou pontuação.


Septuaginta (séculos 3 a.e.c a 1 d.e.c)
No século 3 a.e..c, o rei Ptolomeu II do Egito solicitou a setenta e dois escribas judeus que traduzissem a Torá (Pentateuco) para o grego koinê, que era a língua internacional da época. Daí o nome Septuaginta (derivado de 70). Posteriormente, os demais livros da Bíblia Hebraica foram gradualmente sendo traduzidos. Durante muitos séculos, foi a tradução predileta do Cristianismo. Foi alvo de muitas críticas por parte de sábios judeus, que acusavam seus tradutores de falsificação. Essas acusações, porém, já foram hoje desmentidas desde a descoberta dos manuscritos do mar morto.

Pentateuco Samaritano (século 2 a.e.c a 12 d.e.c.)
O Pentateuco Samaritano se desenvolveu em três etapas. A primeira nos tempos de Esdras e Neemias, quando dos desentendimentos entre judeus e samaritanos. A segunda, uma revisão nos tempos da dinastia dos hasmoneus, durante os quais os samaritanos herdaram vários aspectos do Judaísmo. E a terceira, com a vocalização do texto por influência do trabalho dos massoretas.

Manuscritos do Mar Morto (séculos ??? a 1 a.e.c)
Descobertos no século passado por beduínos, uma biblioteca de manuscritos em hebraico foi encontrada na região de Qumran, às margens do Mar Morto em Israel. Os manuscritos estavam guardados em vasos de barro, e datam de mais de dois mil anos. Dentre eles, vários manuscritos da Bíblia Hebraica, às vezes até com mais de uma variação. Até hoje, não temos todos os manuscritos catalogados ou mesmo traduzidos.

Peshitta Aramaica (séculos 1 d.e.c. a 2 d.e.c.)
No aramaico, Peshitta significa ‘simples’, e se refere a uma tradução simples da Bíblia feita para essa língua. Essa tradução surgiu entre os judeus de Edessa, que falavam siríaco, por volta dos dois primeiros séculos da era comum. A maior parte dos livros foi traduzida do grego da Septuaginta, porém, houve também influência de manuscritos aramaico. Por exemplo, o livro apócrifo de Ben Sira (Eclesiástico) foi traduzido diretamente do hebraico.

Vulgata Latina (séculos 4 d.e.c.)
A Vulgata é uma tradução que por muito tempo foi a versão oficial da Igreja Católica Romana, comissionada pelo papa Damásio I a Jerônimo. Ela se baseia em partes no Texto Massorético e em outras na Septuaginta. Essa versão tornou-se base de muitas outras traduções, até ser substituída pela tendência mais moderna de buscar textos mais originais.

Targum Onquelos (séculos 1 d.e.c a 3 d.e.c.)
O Targum Onquelos é uma tradução importante do Pentateuco para o aramaico. Targum, no aramaico, significa literalmente “tradução”. Costuma ser atribuída a um suposto prosélito denominado Onquelos, embora outros o atribuam a Aquila, discípulo de Akiva. Essa tradução é altamente parafraseada, e o autor toma várias liberdades para poder ajustar o texto à sua interpretação. O objetivo não era produzir uma versão da Bíblia, mas sim torná-la de fácil entendimento para o povo menos esclarecido.

Outros Textos
Existem outros textos de menor importância, que não foram aqui citados por questão de brevidade. Há manuscritos em árabe, há também outros targumim, já muito posteriores e repletos de folclore, cuja utilidade acaba sendo menor.

O objetivo aqui não foi esgotar o tema, mas sim apresentar as principais fontes, para que entendamos de onde vem as Escrituras e porque determinados trechos apresentam detalhes diferentes.
 
Pesquisa - Isabel SIlva
Fonte: Pleno

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